Quem viaja para a Espanha entre março e abril pode conferir uma das festas mais importantes do país: a Semana Santa, celebração cristã da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Ela é comemorada em todo o país, mas é na Andaluzia, no Sul, que as procissões ganham mais destaque.
 

 

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Cidades como Córdoba, Málaga, Granada e Sevilla apresentam cortejos emocionantes, que começam no fim da tarde e seguem noite adentro.

Os Nazarenos peregrinam por quilômetros, carregando imagens e estátuas cristãs iluminadas por velas, estandartes, cruzes, acompanhados de bandas de tambores e metais que dão o tom solene da celebração. Enquanto isso, homens encapuzados, carregando velas acesas, e até cavalos deixam o espetáculo ainda mais incrível.
 


As procissões da Semana Santa remontam a uma Espanha do século XVI, nos trajes, na cultura e na intensidade da fé. As peregrinações são divididas por irmandades, ou seja, associações religiosas que organizam as procissões. Cada irmandade possui seu próprio trajeto e, ao longo dele, traz símbolos e cores próprios que refletem a sua história.

Como assistir às celebrações da Semana Santa da Espanha?

Em 2018, a Semana Santa vai de 25 de março a 01 de abril. Na Andaluzia, as procissões lotam as ruas completamente. Quem quer assistir, precisa se programar e chegar cedo. As irmandades andaluzas fazem suas procissões em horários e locais específicos, com percursos e estilos distintos - algumas caminham por mais de 10 quilômetros em quase 15 horas, outras fazem trajetos mais curtos no Centro Histórico.

 

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Há quem opte por acompanhar a procissão ou por apenas assisti-la passar de algum ponto fixo da cidade. Se você prefere só assistir e evitar as multidões, pode buscar hospedar-se próximo das rotas das irmandades, de preferência em algum lugar com sacada, ou primar por procissões que passam por avenidas largas, onde há mais espaço para todo mundo.

A Semana Santa de Sevilha

Na celebração mais tradicional da Andaluzia, as ruas de Sevilha recebem procissões de mais de 60 irmandades, que seguem, em horários diferentes, em direção à belíssima catedral - a maior da Espanha, construída a partir de 1401. Algumas das irmamdades que desfilam na cidade foram fundadas ainda na Idade Média, no século XIV, e estão entre as mais antigas do país.
 


Uma das principais procissões da cidade é a da Hermandad de la Estrella, fundada em 1560, que virou um símbolo de "valentia" da Semana Santa. Essa irmandade foi única de Sevilla (e de quase toda Andaluzia) a cumprir sua missão de peregrinar na Semana Santa de 1932, durante a Segunda República Espanhola, breve regime que separou a monarquia da ditadura franquista e que vigorou até a guerra civil, em 1939.

Nessa época, o governo espanhol declarou que o país não tinha religião oficial e proibiu os cultos públicos a figuras religiosas sem prévia autorização do Estado. Todas as irmandades desistiram de participar das celebrações da Semana Santa por medo de retaliação, mas a Virgen de la Estrella foi levada em procissão pela irmandade até a Catedral, sofrendo atentados ao longo do percurso - pedradas, bombas falsas e até tiros foram disparados contra a imagem da virgem, conhecida como "La Valiente" desde então.
 

A Semana Santa de Córdoba

O destaque de Córdoba, antiga capital islâmica da Espanha, é justo que muitas das celebrações terminam na Mesquita-Catedral, uma das construções mais incríveis do país e um marco da arquitetura Andaluza.
 

Com a conquista do território ibérico pelos muçulmanos no século 8, iniciou-se, no ano 785, a construção de uma mesquita sobre a planta de uma igreja cristã que já existia ali, desde meados do século 6 - cujo alicerce ainda se vê até hoje, no subsolo da igreja). A nova mesquita foi crescendo junto com a população de Córdoba ao longo dos séculos 9 e 10, atingindo mais de 23 mil metros quadrados. O que já foi o maior templo islâmico do mundo virou Catedral no século XIII, com a reconquista Cristã, e se transformou na mais linda mescla arquitetônica hispano-muçulmana, cheia de arcos mouros sobrepostos à altares e capelas.