Viajar pelo Marrocos é uma experiência única, mas que também pode ser um pouco complicada: os costumes são diferentes, as ruas são confusas, o assédio é constante…
Mesmo assim, passar uns dias em Marrakech (ou Marraquexe, na grafia em português), desvendando a história, a cultura e a gastronomia marroquinas, é inesquecível. Por isso, a gente fez um guia para facilitar a sua viagem por esse país tão diferente do nosso.

Onde ficar em Marrakech?
A Medina é o grande centro, uma espécie de cidade dentro da cidade. Muito comum no Magrebe, noroeste africano, as Medinas são áreas muradas e labirínticas bem antigas, de ruelas cruzadas - a de Marrakech, por exemplo, foi fortificada em 1071.
Ficar dentro ou nas imediações da Medina facilita a viagem, já que a maior parte das atrações pode ser acessada a pé e a oferta de restaurantes e compras nos Souks, mercados abertos, é bem maior.

Uma opção de hospedagem no Marrocos que a gente ama é o Hostel Equity Point. Os atendentes falam inglês, os quartos são como palacetes, enormes e confortáveis, a localização (embora confusa) é ótima e o edifício, um riad minuciosamente decorado, é de cair o queixo.
É tudo tão bonito e espaçoso lá dentro (as áreas de convivência e leitura, o jardim interno, a piscina, o terraço com vista para a Medina…) que dá até vontade de nem sair para a rua. No quarto duplo, o preço médio da diária é de R$250. No dormitório misto, para quem vai no esquema mochilão, o preço parte de míseros R$40 - e essas tarifas já incluem um ótimo café da manhã, servido no terraço.

Chegar lá é uma aventura: como a gente falou, a localização é incrível sim, no coração da Medina. Mas encontrar a entrada exata do labirinto que termina no hostel parece tarefa de algum filme esquecido do Indiana Jones. Mas, uma vez que se aprende o caminho, já não o perdemos mais. E a caçada vale a pena, não?

(foto: backpackerbanter.com)
O que comer?
Comece pelas feiras nos arredores da praça Jemaa El-Fna e tome um sucão de laranja natural, que é muito doce e custa centavos. Aproveite para provar castanhas, frutas cristalizadas e outras coisas que são vendidas nas banquinhas da praça.

A cozinha autêntica marroquina é muito aromática, cheia de ervas e carregada no cominho, tempero mais típico da região, cujos cheiro e sabor são percebidos de longe. Não dá para deixar de provar o Tagine, prato feito com carne cozida lentamente em baixa temperatura no recipiente de barro, que vem à mesa borbulhando.
Também é comum a mistura do doce com o salgado nos pratos principais, com carne de cordeiro servida com frutas secas, como uvas passas e ameixas, e amêndoas.
Quem gosta de peixe, pode se esbaldar nos pratos com sardinha: ela corresponde a quase 60% da pesca no país e é servida aos montes nos restaurantes, bem temperada e sempre fresquinha. Prove também a Bastilla ou Pastilla, uma torta de carne envolta em uma massa folhada fininha, que também é comum na região da Andaluzia, no Sul da Espanha.
Para acompanhar, um chá de menta de um lado e um “khobz”, pão achatado e macio que combina perfeitamente com caldos e ensopados, do outro.
Para provar a culinária autêntica, procure feiras de rua e restaurantes pequeninos e familiares pela Medina. Muitos deles são realmente as casas simples das famílias, que cozinham para meia dúzia de pessoas na hora do almoço com cardápios enxutos e preços muito baixos. Pergunte no seu hostel ou hotel quais restaurantes locais o staff indica nos arredores.

Quem não é muito fã do cominho, da pimenta e das ervas da culinária árabe, pode procurar restaurantes um pouco maiores e mais ocidentalizados, com versões do tagine que pegam leve nas especiarias. Uma sugestão é o Atay Cafe, com um terraço aconchegante e disputado pela vista da Medina.
Embora peque um pouco na comida, o Zeitoun Cafe também é bacana para tomar um chá no cair da tarde pela localização privilegiada e pelo imenso terraço, de cara para a praça Jemaa El-Fna.

Quais são os melhores bate-volta?
Tem muitos passeios bacanas que você pode fazer a partir de Marrakech. O mais popular é “dar um pulinho” no deserto do Saara, andar de camelo e aprender um pouco sobre a cultura dos povos berberes do Norte da África.
O passeio mais curto, de dois dias, leva à Zagora, porta de entrada para o Saara, e inclui uma noite em tendas no deserto com guia e alimentação. Outras opções, que duram de 3 a 5 dias, levam até o deserto de Merzouga, repleto de dunas altas, quase na fronteira com a Argélia.

Outro passeio bacana é pelas cidades de Ouarzazate e Ait Ben Haddou, com fortalezas de barro construídas entre cordilheira e deserto. Em 1928, durante a colonização francesa, a região virou ponto estratégico, militar e administrativo - mas hoje ela é famosa pelo turismo, mesmo.

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O lugar é tão pitoresco que é cenário de filmes desde a década de 50. O primeiro foi O homem que sabia demais, de Alfred Hitchcock, de 1956. Também gravaram lá o mexicano Alejandro Gonzalez Iñárritu, com Babel (2006), Stephen Sommers com A Múmia (1999) e Ridley Scott, duas vezes: com Gladiador (2000) e Rede de Mentiras (2008).

Ah, vale dizer: nesses tours, nem sempre o almoço é incluído, e é comum que o turista seja levado para um restaurante caro que parece ser a única opção. Se tiver tempo, dê uma olhadinha ao redor antes de topar almoçar no local indicado só pela conveniência. Nos entornos de pontos turísticos, não é difícil encontrar aqueles restaurantes familiares com comida caseira a preço de banana.
No geral, os tours passam pela Cordilheira do Atlas, o que faz com que o passeio tenha essa vista aqui, ó:

Outras dicas para facilitar sua viagem pelo Marrocos:
- É só ver você com um mapa na mão que os locais vão se oferecer para ajudá-lo a se localizar e vão querer levá-lo para lojas, hotéis, pontos turísticos… e vão cobrar depois. Outras interações, como gente que posa para a sua foto ou se oferece para tirar foto sua, também podem ser cobradas. Se não quiser pagar, recuse a ajuda e agradeça.
- Nas hora de escolher quais roupas usar no Marrocos, bom senso é importante. Lembre que o país é 99% muçulmano e tente se vestir de acordo, principalmente se quiser visitar lugares sagrados.
- Algumas pessoas vão conseguir se comunicar com você em inglês e, no norte do Marrocos, dá até para tentar se virar com o espanhol. Mas, se puder, aprenda algumas frases básicas em francês e árabe, para facilitar a comunicação. Saber dizer “não, obrigado!” na língua local vai ajudar a diminuir o assédio.
- É proibido beber álcool em espaços públicos e é difíííícil encontrar uma cervejinha. Aproveite a sua estadia para fazer um detox e tome chá até não poder mais.
- Negocie o preço de tudo, sempre: dos temperos, das cerâmicas, dos táxis e até dos tours. No geral, você consegue bons descontos dessa forma.
- Leve dinheiro. Não é o melhor lugar para você ficar dependendo de cartão de crédito.